Manaquiri tem pior Ideb do Brasil; MP-AM cobra ações para reverter crise na educação
A combinação de crise climática, isolamento geográfico e vulnerabilidade social explica por que o município de Manaquiri, no interior do Amazonas, registrou o pior resultado do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023, com nota 2,5.
O cenário reflete os impactos da seca extrema de 2023 e 2024, que dificultou o deslocamento de alunos e interrompeu o funcionamento regular das escolas em áreas ribeirinhas. A baixa escolaridade dos pais e a falta de acesso à internet agravaram a evasão escolar e o baixo desempenho de aprendizagem.
Ministério Público investiga situação
O diagnóstico faz parte de um estudo do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), que instaurou um procedimento administrativo para fiscalizar as ações da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e cobrar medidas de recuperação do ensino no município.
A promotoria pretende acompanhar de perto a execução de políticas públicas voltadas à melhoria da infraestrutura escolar, à formação de professores e ao acesso à educação digital.
Audiência pública e metas para 2025
Uma audiência pública marcada para o dia 25 de novembro vai discutir o novo Plano Municipal de Educação e propor metas para elevar o desempenho escolar.
O evento será realizado em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e reunirá professores, autoridades e representantes da comunidade escolar para debater soluções concretas e definir um plano de ação emergencial.
Desafios estruturais
Especialistas ouvidos pelo MP apontam que a realidade de Manaquiri é um retrato dos desafios da educação na Amazônia profunda, onde distâncias, falta de conectividade e crises ambientais se somam à carência de recursos e políticas continuadas.
“O caso de Manaquiri escancara o abismo educacional entre centros urbanos e regiões ribeirinhas. É urgente uma resposta integrada entre Estado e União”, afirmou um técnico do MP-AM ouvido no relatório.
O caso será acompanhado como prioridade pelo MP-AM, que deve emitir recomendações à prefeitura e ao governo estadual para reverter o quadro de exclusão educacional.